Minha vida adulta começa com
meu ingresso na faculdade de Direito. Um universo completamente diferente de
tudo o que eu havia experimentado na minha vida inteira.
Eu tinha 18 anos quando pisei pela primeira
vez dentro de uma universidade, oficialmente como aluno. Outro mundo... Era a
porta para o que eu seguiria o resto da minha vida. Era o início de um projeto
de vida que somente terá fim com a minha velhice e aposentadoria.
Como tudo na minha vida, a faculdade de
Direito também não começou bem. As primeiras avaliações não foram grandes
coisas, e também não estava conseguindo fazer muitas amizades.
Sempre fui muito defensivo e ficava muito
no meu canto, sempre esperando que alguém viesse até a mim e nem sempre o
contrário (aliás, era muito raro eu correr atrás de alguém para iniciar uma
conversa, sendo assim até o momento).
Quase todos os fins de semana durante o
primeiro ano de faculdade os colegas marcavam churrascos, eu sempre dava o meu
nome, mas nunca comparecia. Era o meu jeito de dizer que estava ali, mas que
não iria comparecer a nenhum evento social. Não era medo ou qualquer receio do
meu problema com a bexiga neurogênica (responsável pela incontinência
urinária), mas eu realmente não conseguia manter um relacionamento social, por
algum medo de ser recriminado dentro ou fora de casa por algum ato ou palavra
exposto lá fora.
Gostei muito da minha época de
universitário, apesar de nunca ter ido a nenhum evento da sala, sendo por isso
mesmo que eu não tenho inclusive álbum de formatura, pois nem fotos junto com a
turma eu tenho. Meus pais inclusive até chegaram a começar a pagar a formatura
para mim, mas logo em seguida eu desisti de ir, pois não seria grande coisa
mesmo e também seria mais uma fuga de eventos sociais, apenas mais uma das
diversas fugas que já tive.
Após muitos anos eu compreendi o por quê
dessas fugas. Quando as coisas não começam dando certo em minha vida, assim
como a faculdade que foi aos trancos e barrancos, apesar de eu não ser o pior
ou estar entre os piores alunos, eu acabo desanimando, pois sempre haviam
pessoas por trás de mim me ajudando nesse desânimo. É muito difícil de se animar
com alguma coisa quando apenas te dizem que você jamais será nada na vida
apenas pelo fato de você não ter notas de um superdotado (coisa que não sou,
nunca fui e nem tenho a pretensão de ser).
Tanto não fui um dos piores alunos que no quarto
ano, após o meio do ano, prestei uma prova de concurso público e acabei
passando, mesmo que em uma vaga para deficientes físicos, mas já estava com meu
emprego garantido, o que ninguém em minha sala tinha, sequer, tentado fazer antes
de se formar, eu já havia conquistado: era servidor público.
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