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seu, é nosso!!!
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Não sou mãe, pelo contrário, sou homem e nem tenho biologia para ser mãe. Também não sou pai, hoje não posso mais ter filhos. Mas, ao ler este texto no orkut de uma amiga, a beleza deste me emocionou. Havia tempo que estava procurando tanto por um encerramento que, acabei encontrando uma bela introdução. Corri para pedir autorização para poder publicá-lo neste blog, autorização concedida, aí está o texto, que diz muito bem, com muita propriedade, o que é passar a ser uma mãe. Este texto não é apenas para você, mãe de portadores de mielomeningocele, hidrocefalia, mas é para você mãe, mãe de um tesouro muito especial que vai ficar ao seu lado, mesmo que um dia longe, pelo resto da sua vida:
ANTES DE SER MÃE...
Eu tinha calmas conversas ao telefone, MSN e Skype.
Antes de ser mãe eu dormia o quanto eu queria e nunca me preocupava com a hora de ir para a cama.
E tinha maior nojo de limpar coco de neném.
Antes de ser mãe ninguém golfou nem fez xixi em mim, nem me beliscou sem nenhum cuidado, com dedinhos de unhas finas.
Antes de ser mãe eu nunca tive que segurar uma criança chorando para que médicos pudessem fazer testes ou aplicar injeções.
Eu nunca chorei olhando pequeninos olhos que choravam.
Eu nunca fiquei gloriosamente feliz com uma simples risadinha.
Eu nunca fiquei sentada horas e horas olhando um bebê dormindo.
E nunca achei tão engraçado um arroto.
Antes de ser mãe eu nunca segurei uma criança só por não querer afastar meu corpo do dela.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar quando não pude estancar uma dor.
Eu nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina pudesse mudar tanto a minha vida.
Eu nunca imaginei que pudesse amar alguém tanto assim.
Eu não sabia que eu adoraria ser mãe.
Antes de ser mãe eu não conhecia a sensação de ter meu coração fora do meu próprio corpo.
Eu não conhecia a felicidade de alimentar um bebê faminto.
Eu não imaginava que algo tão pequenino pudesse fazer-me sentir tão importante.
Muito obrigado Senhor, por me conceder esse maravilhoso sentimento. Estou curtindo cada momento como se fosse o único, e estou muito feliz por essa experiência ao lado do meu gracioso filho, meu querido esposo, meu pai, minha mãe, minha irmã e de todas as pessoas que caminharam comigo nessa trajetória da minha gestação. Fico muito grata a ti Senhor, pois só o Senhor e o meu Deus e a ti eu confio!!!
Quando nasci não
haviam muitas esperanças para a minha vida. Isso, aqui, não se
trata de nenhuma novidade para nenhum de vocês meus leitores. Muitos
de vocês já ouviram, ou até mesmo, os pais de vocês já ouviram a
velha expressão: "Seu filho nunca terá uma vida normal".
Pois é, foi o que os meus pais ouviram quando eu havia acabado de
nascer. Não deve ser nada fácil de ouvir essa expressão. Com
certeza, a sensação é de o mundo vir abaixo sobre nossas cabeças.
Mas, assim como meus pais, nunca desisti de ter uma vida plena. Nunca
desisti de lutar muito por um objetivo, por menor que ele fosse. A
cada passo dado, uma grande vitória conquistada. A cada movimento
realizado, por mais simples que pudesse parecer aos olhos daqueles
que não têm nenhuma espécie de deficiência, uma enorme alegria
para mim mesmo.
Sempre, a cada passo
dado, eu sempre quis ir mais e mais longe, a cada objetivo alcançado
sempre quis ir cada vez mais longe.
Andei com três anos e
meio e essa foi, sem dúvida, a maior de minhas vitórias. A primeira
de muitas em minha vida.
Lembro-me como se fosse
hoje, em uma consulta ao neurologista em minha infância quando o
mesmo disse que eu jamais conseguiria ser alfabetizado em uma escola
regular. Bom, até mesmo essa barreira eu consegui derrotar. Não
apenas frequentei escolas regulares, desde o jardim de infância até
ao ensino médio, como me atrevi a prestar vestibulares e passando em
um deles (um para Direito e o outro para Fisioterapia). Fiz a
faculdade de Direito em uma das melhores faculdades do Estado de São
Paulo assim como qualquer pessoa que estava lá.
Estou aqui para falar
sobre minha infância. Não foi nada fácil, mas sempre procurei
fazer o que qualquer criança de minha faixa etária sempre fez,
exceto uma única coisa não consegui fazer: Subir em árvores. Mas
isso tudo bem, pois nem todos conseguem também.
Desde bebezinho fiz
muitas sessões de fisioterapia. E todos esses exercícios sempre
fortaleceram muito a minha musculatura das pernas, o que sempre me
deu muita força para sempre poder dar os meus passos, por mais
errados, ou fora do padrão que fossem, mas eram os meus passos;
grandes passos de minha vitória. Foram muitos anos de fisioterapia
para fortalecer as minhas pernas, para que eu pudesse andar, mas
consegui, cheguei lá, consegui andar e ter com isso, o começo da
minha tão sonhada independência.
Brinquei muito, tive
alguns amiguinhos, briguei, chorei... Na escola, ou na rua é que,
algumas vezes, as coisas não acabaram sendo muito fáceis. Quando
somos crianças, acabamos sendo sempre muito curiosos com as
diferenças. É a fase dos por quê? E isso, muitas vezes me deixava
um pouco triste, pois em alguns momentos me sentia um pouco o centro
das atenções da multidão ao meu redor e por conta disso, acabava
sempre me retraindo, ou sempre acabava arrumando uma maneira de
expulsar quem fazia parte desse redor, do meu caminho.
Nunca gostei de muitas
perguntas sobre o que eu tinha, pois, como era criança, nunca sabia
responder direito. Eu apenas queria ser uma criança comum, como
qualquer outra. Por causa disso, muitas vezes, para ser aceito no
meio do grupo, eu sempre acabava fazendo com que eu fosse "usado"
pelos colegas.
Fui, muitas vezes,
ridicularizado, mas sempre acabava aceitando, até que determinado
ponto acabei incutindo em mim esses atos como normais. Acabei,
durante a primeira infância mesmo, sendo objeto de outras crianças.
Até mesmo, por essas coisas, nunca tive muitos amigos, a não ser
apenas vizinhos mais próximos de minha casa mesmo.
As barreiras
arquitetônicas e o preconceito dentro de uma escola sempre foram
muitos em minha infância principalmente na que eu fiquei mais tempo,
ou seja, do primeiro até o oitavo ano (de 1989 a 1996). Nela, tive
uma grande barreira arquitetônica chamada escada, assim que eu
entrava na escola. Eram três degraus, apenas três, mas por eu ser
pequeno em estatura, tinha sempre que apoiar com uma das mãos no
chão, ao lado dos degraus, por falta de um corrimão. Foram oito
anos passando sempre pelos menos degraus, mas nunca desisti de
superá-los. Minha vontade sempre foi muito maior do que qualquer
degrau, ou falta de acessibilidade. Sempre quis ir mais longe do que
eu pudesse imaginar que eu poderia estar.